O tempo da Ciência não é o tempo dos políticos. E o da vacina contra o coronavírus não é o da propaganda de cura. Os especialistas têm alertado para o fato de que uma vacina depende de rigorosos testes, é demorada e o processo tem de ser monitorado com atenção. No mesmo dia em que os testes da vacina de Oxford foi suspenso por causa de complicações em um dos voluntários, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, enfatizava uma data para a liberação dela.

Na corrida por uma solução para por fim à pandemia, o discurso político tem se apropriado de certas certezas, as quais ninguém, nem mesmo os pesquisadores por trás da produção da vacina, têm. A de Oxford, produzida pela empresa sueca AstraZeneca, já está na terceira fase, quando é aplicada em milhares de pessoas para testar a efiácia. Além do Brasil, há voluntários no Reino Unido e na África do Sul sendo monitorados. Ela já estava para ser testada também nos Estados Unidos, mas teve o processo suspenso.

Um voluntário testado no Reino Unido desenvolveu uma síndrome inflamatória que atinge a medula espinhal e, por segurança, o caso está sendo investigado. Não se sabe se a doença tem relação com a vacina. Mesmo assim, a AstraZeneca segue o protocolo para casos como este. Não é a primeira vez que isso acontece e os testes servem justamente para se avaliar as contraindicações do medicamento, entre outras questões.

Nunca houve tantos cientistas voltados para um mesmo problema, assim como nunca se deu tanta atenção para a produção de uma vacina. Existe uma corrida comercial associada a disputas político-eleitoreiras que põe em risco os resultados das pesquisas. Mas a suspensão dos testes da vacina de Oxford, cuja tecnologia vai ser transferida para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra que existe seriedade na busca por uma solução à pandemia.

É o tempo da Ciência que garante segurança.

O Nexo Jornal e o El País trouxeram bons materiais para esclarecer a questão.

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